Serviço de Entomologia

Hymenoptera

Fabiano Albertoni©
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Hymenoptera

A coleção de Hymenoptera do Museu de Zoologia reúne importante acervo de vespas em geral, formigas e abelhas, resultante de aquisições, trocas com outras instituições e coleta pelos pesquisadores que aqui trabalharam ou trabalham. 

Os primeiros registros de depósito de espécimes de Hymenoptera no MZUSP correspondem ao material coletado por Hermann von Ihering e Hermann von Lüderwaldt no início do século XX, quando as coleções ainda pertenciam ao Museu Paulista da Universidade de São Paulo (conhecido como Museu do Ipiranga), como parte da sua seção de Zoologia. Estes pesquisadores mantinham laços estreitos com colegas do exterior, intercambiando material com seus colegas europeus e norte-americanos como Carlo Emery, Auguste Forel, Felix Santschi, William M. Wheeler, Gustav Mayr, Carlo Menozzi e Marion R. Smith. Várias espécies coletadas no Brasil foram descritas pelos autores citados acima que muitas vezes enviavam os espécimes-tipo de volta a São Paulo, contribuindo para a formação e a qualificação da coleção. Na coleção destacam-se ainda exemplares coletados por Ernesto Garbe, Fritz Plaumann, Karol Lenko, Travassos Filho, Ricardo von Diringshofen, Frederico Lane entre outros nomes que pavimentaram a Zoologia no Brasil.

Desde que a coleção zoológica do Museu Paulista destacou-se e veio a formar o Departamento de Zoologia da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo em 1939 que, em 1969, foi incorporada à Universidade de São Paulo como Museu de Zoologia, a coleção de Hymenoptera continua crescendo, em especial com o depósito de material resultante de projetos acadêmicos e de estudos de impacto ambiental realizados em diversas regiões do país. Os curadores Dr. Carlos Roberto Brandão (contratado em 1981) e Dra. Gabriela Procópio Camacho (contratada em 2022) são atualmente responsáveis pela coleção.

Entre os esforços recentes que mais contribuíram para a expansão da coleção, destacam-se os projetos de coleta nos Cerrados em todas as suas formações e o projeto “Riqueza e diversidade de Hymenoptera e Isoptera ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica – a floresta pluvial do leste do Brasil” (1999-2005), do Programa BIOTA-FAPESP (Proc. 03/11170-2), no qual foi inventariada a fauna destes insetos ao longo da Mata Atlântica em toda porção leste do país. Mais recentemente, com a colaboração da Universidade Estadual de Feira de Santana  (Projeto Casadinho 16/2008 MCT/CNPq/CT-Infra/CT-Petro/Ação Transversal IV), deu-se ênfase às caatingas. No ano de 2009 nos afiliamos ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Hymenoptera Parasitoides da Região Sudeste Brasileira (INCT-HYMPAR/Sudeste Proc. FAPESP 14/50940-2) como depositário das diversas superfamílias de parasitoides, inaugurando uma nova fase para o grupo de pesquisa em Hymenoptera. Outros projetos importantes incluem o Programa de Monitoramento da Ferrovia Norte-Sul e as Avaliações Rápidas de Impacto Ambiental no Estado do Tocantins (2003-2006), e o Programa de Conservação da Fauna Silvestre na área de influência da UHE Jirau (2010-2013). Nestas expedições foi inventariada a fauna de Hymenoptera em diversos biomas e estratos ambientais, através do emprego de diferentes técnicas de coleta.

A coleção de Hymenoptera ‘Parasítica’ é uma das mais representativas da fauna brasileira e continua em fase de expansão devido aos diferentes projetos desenvolvidos. Além disso, recentes estudos conduzidos no MZSP levaram a um aumento substancial da representatividade de himenópteros parasitoides na coleção, sobretudo de vespas Ichneumonidae, Evaniidae, Gasteruptiidae, Ceraphronidae e Diapriidae. A coleção de parasitoides abriga um acervo de cerca de 50.000 espécimes em via seca e outros milhares em via úmida. Na coleção podem ser encontrados exemplares coletados em mais de 140 localidades de 22 estados brasileiros, além de espécimes de outros 15 países.

O acervo de vespas aculeadas destaca-se pela representatividade de certos grupos como Chrysidoidea, Mutillidae (formigas-feiticeiras), Vespidae (vespas enxameantes), Pompilidae e principalmente Sphecidae e Crabronidae. O de vespas aculeadas conta ainda com um valioso material tipo descrito pelo entomólogo austro-húngaro Adolpho Ducke entre 1900 a 1920.

A coleção de abelhas cobre uma área considerável do território brasileiro, mas está formada principalmente por material originário do Estado de São Paulo. Coletas realizadas por K. Lenko, E. Garbe e outros, no interior do Estado (metade do século passado) e por W. Wilms (final do século passado) na Estação Ecológica de Boracéia contribuíram muito para o enriquecimento da coleção. Curt Schrottky depositou aqui inúmeros tipos. A coleção de abelhas do MZUSP é uma das três maiores coleções do país e fornece informações e material relevante para melitólogos em seus estudos diversidade, taxonomia, filogenia e biogeografia.

A coleção de formigas é uma das mais representativas da região Neotropical, tanto pelo número de espécimes-tipo (4.741 exemplares tipos de 892 espécies) quanto pela imensa quantidade de espécies nela depositada provenientes de uma área geográfica consideravelmente ampla. O acervo seco está abrigado em quase 1000 gavetas entomológicas, reunindo cerca de 1 milhão de espécimes representantes de 17 subfamílias de Formicidae. O acervo úmido conta com aproximadamente 800 potes com 20 amostras cada, majoritariamente réplicas do material montado. Sua história se confunde com a história da Mirmecologia na Região Neotropical, pois aqui foram reunidas as mais importantes coleções, organizadas por W. Kempf, T. Borgmeier e K. Lenko.

Os exemplares tipos de todos os grupos de Hymenoptera foram recentemente catalogados e muitos ilustrados em uma série de artigos nas revistas do Museu de Zoologia. Tal procedimento é uma forma de se preservar os espécimenes, pois assim evitamos o transporte desnecessário  deste valioso material. Além disso, a disponibilização destes dados visa  democratizar o acesso a estes.

Nos anos mais recentes, muitos estudantes e pesquisadores contribuíram para ampliação e qualificação da coleção: Alvaro Doria, Alexandre Aguiar, Antônio Aguiar, Antônio Macedo, Bodo Dietz, Camila Pereira, Christiana Klingenberg, Christiane Yamamoto, Cristiane Scott-Santos, Helen Casarini, Emília Albuquerque, Flávia Esteves, Gabriella Chimenti, Helena Onody, Kelli Ramos, Larissa Jerez, Lívia Prado, Mônica Ulysséa, Nicolas Albuquerque, Ricardo Kawada, Rogério Silva, Rodolfo Probst, Rodrigo Feitosa, Rodrigo Gonçalves, Rogério Silvestre, Sérvio Amarante, Tamires Andrade e Thiago Silva.

Sistemática, biologia evolutiva, filogenômica e biogeografia de Hymenoptera
Profa. Dra. Gabriela Procópio Camacho
Fone: (11) 2065-6676

Sistemática, evolução e biologia de Hymenoptera
Prof. Dr. Carlos Roberto Ferreira Brandão
Fone: (11) 2065-8138

A digitalização da coleção está em andamento. Pesquisadores que necessitem de informações sobre espécimes ou de acesso à imagens de alta resolução de espécimes-tipo devem contactar a Profa. Dra. Gabriela Camacho.

A coleção está aberta a visitantes, sujeito à disponibilidade de tempo e espaço. Pesquisadores interessados em examinar material da coleção devem entrar em contato com a Profa. Dra. Gabriela Camacho para agendar sua visita.

Potenciais estudantes de graduação e pós-graduação com grande interesse em sistemática e biologia evolutiva e paixão por insetos devem contactar a Profa. Dra. Gabriela Camacho para discutir as oportunidades atuais.

Pesquisadores pós-doutorandos interessados em trabalhar no laboratório de Hymenoptera são sempre bem-vindos para entrar em contato e discutir oportunidades de financiamento.